Atrasadas para o Momento mais Esperado

  O dia estava ensolarado, familiares e amigos reunidos, fotógrafos, flores, estacionamento lotado... Professores e diretores em seus devidos lugares. Música trazendo lembrança e alegria a cada um. O mestre de cerimônia começa então a colação de grau da turma de formandos de Fonoaudiologia 2008. Um a um são chamados, e entram triunfantes pelo corredor com a toga preta, o capelo na mão, enquanto os flash das câmeras ofuscam a visão. Depois de sentados, vêem de longe o olhar orgulhoso dos pais, que acenam e tiram fotografias.

  Após os discursos e entrega de canudos, a linda cerimônia termina e todos se dirigem eufóricos aos preparativos para o culto de ação de graças. Roupas, cabelo, maquiagem, tudo impecável. Barba feita, sapato lustro, camisa passada, tudo certo! Convidados chegam e enchem de alegria e cor os bancos da igreja. Inicia-se a cerimônia. Agora os formandos entram celebres escoltados pelos seus pais, que os incentivaram e apoiaram para que tudo isso acontecesse. Sorrisos, olhares orgulhosos não faltavam no rosto deles, ao acompanharem seus filhos até a frente da igreja. 30 alunos, não se podia perder tempo. Novamente o mestre de cerimônia começa a chamar cada um: Aline, Alexander, Daiane, Ivelise, Keren, Kecilling, Kelita... não havia chegado... Mas a lista continua, Luis, Lisie, Malem, Marileide, todos olham para o fundo da igreja... e mais um silêncio e um vazio. O mestre prossegue: Micheli, Miriam - que também estava ausente.

Todos se assentam e o discurso do paraninfo começa. 30 minutos depois chego à igreja, com mais minhas duas colegas. Atrasadas e com nossas mães esperando a porta, em uma mistura de preocupação, nervosismo e frustração. Atrasamos-nos para o momento que mais esperávamos em quatro anos!

  Puxei a fila entrando pelos fundos da igreja, pois minhas colegas estavam tão mal que nem queriam entrar. Entramos e nos juntamos aos colegas lá na frente. Com os olhos cheios de lágrima, ao ver Kelita já chorando, segurei bem firme sua mão, sorri para todos os que nos olhavam com admiração pela coragem e disse:

   - Kelita, podemos ter perdido esta entrada, mas quando Cristo voltar eu tenho a certeza de que estaremos lá, e entraremos triunfantes no céu para viver mil anos com Cristo em plena felicidade!

  Muitas coisas ocupam nosso tempo aqui nesta terra, porém tudo o que fizermos aqui deve ser em função no mundo eterno. Isso nunca deve ser apagado de nossa memória, para que quando o dia chegar você não seja um dos que ouvirão: "Nunca vos conheci, afastai-vos de mim".

  Seria muito estranho, ou até mesmo insuportável para nossos sentimentos, pensarmos na possibilidade de sermos banidos da presença de Deus, o qual está presente em todo o lugar. Quanto ainda apagados do conhecimento dEle, que sabe todas as coisas.

  Podemos ser deixados completos e absolutamente do lado de fora, repelidos, exilados, estranhados e ignorados de forma definitiva e indizível. Por outro lado, podemos ser convidados a entrar neste "céu". E nada disso acontecerá. Caminhamos diariamente sobre o fio da navalha entre essa tremenda responsabilidade na decisão. É evidente, portanto que a lembrança das atitudes erradas e a nostalgia de nossa vida inteira se juntam com o nosso anseio por algo melhor no universo, de estar do lado de dentro de uma porta que sempre vimos pelo lado de fora.

  Se você querido jovem tem o desejo, a saudade, ou um sentimento de querer estar no céu, não é apenas uma ilusão, acredite! É o forte desejo de Deus que quer te levar para um lugar onde nenhuma dor ou tristeza haverá.

  Esse lugar é o Céu onde você ouvirá: "Bem vindo ao lar servo bom e fiel, entra no gozo do teu Senhor."

[Marileide Krahl]